Faustão furou ou não a fila? Vamos falar disso?

Por Portal Opinião Pública 31/08/2023 - 11:46 hs
Foto: Divulgação

Dr. Luiz Marcelo Chiarotto Pierro

Nos últimos dias a apreensão em relação à saúde do apresentador Fausto Silva se transformou em um grande embate. Afinal, ele furou a fila?

Importante falarmos que não é propriamente dito “fila” e sim relação de candidatos ao transplante. Para que o transplante ocorra é necessário atender a diversos fatores, que incluem por exemplo a condição atual do paciente que irá ser transplantado.

Os cuidados começam pelo paciente doador. Os doadores precisam ter menos de 60 anos e não ter uma doença arterial coronariana ou outras doenças cardíacas. É necessário ainda que o tamanho do coração seja compatível com o receptor. Isso é averiguado pelo peso e altura do doador e do receptor do órgão. Além disso, o doador e receptor precisam ter essas caraterísticas parecidas. Isso ocorre porque um coração de uma criança de 10 anos não suportaria ser transplantado em um paciente de 60 anos com 90kg.

Outro importante critério é o estado de saúde do paciente. Infecções por exemplo, quase sempre contraindicam o transplante. Isso vale também para paciente com câncer ou pacientes que não apresentam possibilidade de vida após o transplante. Dependência de drogas ou bebidas também podem excluir paciente da lista. Depressão grave em alguns casos também contraindica o procedimento. Paciente que se interna com frequência e com necessidade de medicação intravenosa recorrente, tem prioridade nesta lista. 

Mas qual indicação do transplante cardíaco? 

É indicado para quem tem insuficiência cardíaca sem melhora com tratamento medicamentoso. Isso é, o famoso coração grande é uma indicação do transplante cardíaco. 

E quem não pode fazer o transplante? 

Pacientes com insuficiência cardíaca que não fazem uso da medicação indicada pelo médico de maneira correta; pacientes que tenham lesão renal irreversível, isso é, quando o rim para de funcionar e tenha a certeza que não funcionará mais. Em alguns casos pode ser feito o transplante duplo, isso é, coração e rim. O mais comum é em paciente diabético com problemas renais, ao qual podemos fazer o transplante de pâncreas e rim. 

Como funciona o transplante? 

É uma cirurgia delicada e muito complexa. Requer a remoção cuidadosa do coração danificado do paciente e a substituição por um coração saudável de um doador falecido. Durante a cirurgia, o cirurgião cardíaco faz uma incisão no esterno (osso que fica bem no meio da região torácica) do paciente para abrir o tórax e ter acesso ao coração. O coração danificado é retirado e substituído pelo coração sadio do doador. Na sequência, o médico conecta as artérias e veias do novo coração ao sistema circulatório do paciente. 

Existe risco no transplante? 

Sim. Rejeição do novo coração pelo sistema imunológico do paciente, infecção pós transplante, sangramento de difícil controle e complicações renais. Além disso, uma outra complicação temida é a arritmia cardíaca após procedimento, com risco de eventos fatais ao paciente.

Após a cirurgia são necessários alguns cuidados, como alimentação balanceada e uso de imunossupressores para evitar a rejeição pelo organismo do receptor ao coração doado.

Bom, em resposta a nossa pergunta inicial, percebe-se que a compatibilidade entre doador e receptor é muito importante, por isso a lista pode ter tantas variações. Isso independe de hospital privado ou público. A lista é a mesma. 

E como funciona o transplante para outros órgãos? 

Bom, isso fica para uma próxima conversa. 

Forte abraço!